sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Política e Afins

AS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO E SEU IMPACTO NAS ELEIÇÕES.


Matheus Guimarães

Ao ver o título deste texto, o leitor poderá deduzir que eu acredito que as Jornadas de Junho irão influenciar nosso cenário político para estas eleições. Não. Não creio nisso e utilizarei este texto para enunciar os porquês:


1) As Jornadas de Junho representaram as revoltas de um público muito específico – a classe média, ou pequena-burguesia. Este setor da sociedade se sentiu esquecido pelos 12 anos de governo PT, que concedeu privilégios aos ricos, assistiu aos pobres, mas não desenvolveu políticas para esta classe. A maior prova disso foram as vozes gritando “sem partido” e as agressões feitas à militantes históricos. Naquele momento, a esquerda zona sul perdeu o controle do monstro que havia criado.
2) Se na Av. Presidente Vargas um milhão de pessoas podem parecer muitos, nas urnas este número é praticamente invisível diante dos outros milhões de votos da grande massa. Além de serem poucos, os participantes destas manifestações não possuem um bom histórico de participação política na sociedade real. Preferem fazer suas viagens culturalmente importantes pela Disney e viralizar suas hashtags revoltadas nas redes sociais ao invés de participarem de movimentos sociais realmente ativos e importantes no seu território.

3) A velha esquerda brasileira, já caduca e precisando de sangue novo, não irá saber captar todo este capital político e ocupar o espaço deixado pelo PT ao se tornar governo. E digo isso por um grande motivo – a supervalorização deste movimento. Os partidos radicalmente à esquerda – PSOL, PCB e PSTU – tiveram análises diferentes, apesar destes liderarem as manifestações e o vexatório #NãoVaiTerCopa.
O PSOL tende a supervalorizar este movimento, por ser um partido que, aqui no Rio, ainda representa somente a Zona Sul e Icaraí, bairros presentes nos comprovantes residenciais dos chamados Black Blocs. Também por ser um partido novo e conectado com os jovens, o PSOL utilizará junho para abarcar os votos desta juventude inconformada.


PCB e PSTU, partidos históricos e na vanguarda da luta de classes no país, tendem a subvalorizar o movimento, pois são profundamente enraizados no movimento sindical. Culturalmente, estudantes e trabalhadores possuem pautas diferentes, mesmo englobando o mesmo campo político. A estratégia destes partidos será trazer as bandeiras de junho de 2014, onde um espectro de greve geral rondou o país e manifestações contra as burocracias sindicais tomaram conta dos estados. Estas manifestações sim, foram feitas de trabalhadores reais com pautas reais, por isso o saldo político também foi real.
A análise final que faço é a de que quem mais sairá ganhando com este movimento é a direita, pois se milhares apoiavam o movimento, milhões de pessoas ficaram revoltadas assistindo ao quebra-quebra pela TV. Os discursos moralistas de repressão aos movimentos sociais terão vez e voto de milhões – pais de família que foram descontados por faltarem ao trabalho com medo da violência, ou de senhoras idosas que não puderam receber suas aposentadorias nas agências bancárias estilhaçadas.
Por estas e outras que um projeto político de esquerda e popular se faz necessário. Um projeto sem concessões ao capital financeiro e que atenda as demandas reais da população pobre e trabalhadora.








Matheus é aluno de história da UFF e
 Nativo Gonçalense 

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O Projeto Cultural Alternativo foi criado no ano de 2006 na Faculdade de Formação de Professores da UERJ, no município de São Gonçalo no Estado do Rio de Janeiro. O grupo tinha como objetivo promover o saber e difundir a cultura Gonçalense dentro da universidade. Após este período de atuação o Projeto deixou a Sociedade Acadêmica e ampliou o arco de atuação na Sociedade Civil e organizou-se em duas vertentes voluntárias: GT Bem Estar, com ênfase na Proteção aos Animais e o GT Cultural, com ênfase no Patrimônio, na História e na Memória regional. Em oito anos de atuação os grupos promoveram leis municipais, sistematizaram encontros políticos, convocaram plenárias no legislativo, lançaram dois Livros, atuaram nas escolas públicas e na rede privada. Além disso, o projeto inaugurou o setor de comunicação atuando na rede online e na mídia escrita.